quarta-feira, setembro 23, 2009

Quarto sem teto

Nem telhado
Nem cometa
Nem chuva nem sol
Nem céu estrelado
Nem pássaro
Nem planeta
Nem nuvem
Nem lua
Nem foguete
Nem aurora ou alvorada
Nem crepúsculo
Nem nada por perto no meu quarto sem teto
Estou ali no banheiro cagando

Poderia ser

Vejo aquele cão na areia
E é um cão de fato
Poderia ser uma criança na areia
Poderia ser um gato
Vejo aquele gato na grama
E é um gato enfim
Poderia ser uma criança na grama
Poderia ser jardim
Vejo aquela flor na pedra
E é uma flor no chão
Poderia ser uma criança na pedra
Poderia ser ilusão

Leia-se

Você quer ler o que eu escrevo?
Quer que eu escreva pra você ler?
Quer o que?
Escravo

Leito

Vou escrever assim seguidamente
Sem parar
Separar
Sei lá
Não há possibilidade de sair alguma coisa que preste
Até porque de madrugada e o sono soca
O rosto cai
O corpo vai
Tem um pouco de inspiração aqui
Talvez nem seja o suficiente pra explicar o quanto
Compreendo parte de mim que não me entende
O resto é parte
Vai de acordo com o tato
Com o olfato
Cante ao meu ouvido essa sinfonia
Eu ainda não consegui achar o ponto que complete
Permaneço vazio vazio
Não é bem assim que se fala
Mas é o que posso fazer desse jeito
Continuar escrevendo continuar inventando continuar
Verso por verso, cada verso
Nem lembro do antes
Nem sei o depois
É este
Este verso pedante
Pedinte
Pede a conta
Fali

As curvas

Não conheço todas as curvas do mundo
Hei de conhecer o mundo
Por entre suas curvas todas.

Entre

Teu sorriso entre lábios...
Meus lábios e um sorriso...
E os lábios entre risos...
E os lábios entre lábios!
E os sorrisos...

A história de uma vida

A história de uma vida
Um quebra
Ca
Be
Ça
Uma dor eterno amor
Mentira
Uma dor
O eterno amor acabou aqui
Bem aqui neste ponto final
Mentira
Nem dor
Nem ponto
A crise nem tem
Nem há
Nem vem
Que venha pra compor
A história de uma vida
A água
Sim a água molha a vida e não quebra a cabeça
A cabeça erra
Mas que bonito sair por aí
Olha como ela faz
Mexe quase como se o mundo não fosse nada senão um quase tudo
Savana, deserto, maré, quiçá planeta fora de órbita
Nem sei o que estou dizendo
Só sei que estou ficando mudo
Mas eu escrevo com a mão
E a história de uma vida não cabe nessa palma
Não cabe nem na própria vida