quarta-feira, dezembro 09, 2009

Depois de tudo isso

Depois de tudo isso, um pouco mais
Se for possível, bem mais!
Essa pele macia da carne trêmula
Esses pelos, essas mãos
Essa mania de querermos ser um
Um corpo, dois corpos, mil vezes
Todas essas tentativas de satisfazer
O insaciável
O incompleto
O abstrato e o concreto
Tanta energia
Mais energia!
Tão perto, quase assim tudo
O cheiro, é cheiro mesmo
Esse pequeno espaço cabe tanto
Diz muito
Quase não fala
Quantos olhos se olham e se molham
Molham os corpos, dois, um
São tantos
Cada canto daqui é um mundo
Uma descoberta
Nem sei ao certo se vamos
Sabemos que estamos
Ah! Essa pele macia da carne trêmula
Todo segundo é cada segundo
Cada desejo é uma dança
Toda dança é isso
Esses corpos rolando no espaço
Entregues!
Explícitos!
Hereges!
Resquícios de energia!
O suficiente para não cessar
Nem há motivos
Só risos
Quanta felicidade num ato
Ah! Isso é a felicidade
Vejo essa boca, esses lábios
Não é a felicidade?
É tato, olfato
É luz, calor, é sede!
Sua boca, seus lábios!
Essa vontade insana de subir as paredes!
O chão, a cama, a chama!
Acesos eternamente
Indecentes
Indefesos
Insensatos e sem pudor
De fato isso é o amor
E talvez depois de tudo isso, um pouco mais